"Ainda Existem Casamentos de Verdade?”

Quantas vezes ouvimos discussões no que se refere à causa do elevado índice de separações e divórcios?
Será que alguém já se casou com a verdadeira intenção de separar-se?
Quantos de nós já idealizamos o casamento como sendo a estabilidade suprema em todos os sentidos, sendo a garantia de felicidade eterna, da segurança emocional, da fidelidade?
Tudo perfeito em filmes, livros, contos de fada, mas significa a imagem totalmente distorcida que se tem hoje do casamento.
O casamento de verdade, no tempo contemporâneo não implica apenas na escolha do parceiro, mas como as pessoas caminharão juntas fazendo descobertas pela vida. Isto envolve um processo de autodescoberta em que um ajuda o outro a crescer, a evoluir.
Porém para que isto ocorra, o conhecimento sobre si mesmo é imprescindível para que não ocorram, dependências nas relações. Logo, você precisa saber quem você é, o que lhe incomoda, o que lhe faz feliz, saber o que você gosta e detesta, descobrindo como “você” pode se fazer feliz.
Ao enfrentar seus medos, angustias, alegrias, ilusões, cara a cara, contando com você acima de tudo, assumir a responsabilidade pela sua felicidade, percebe que começa a amar a si mesmo, a valorizar-se e principalmente reconhece que pode contar com você.
Outra etapa que merece atenção é o reconhecimento de que ao encontrar o parceiro, cria-se um vínculo que pode ser fundamental para um crescimento saudável do relacionamento. São vários os tipos de vínculos, citarei apenas três.
.vínculo da dependência: Quando se acredita que o parceiro veio para nos salvar. Apenas um dos dois é parasita, está sempre sugando, mas nunca está feliz porque tudo o que recebe é visto como pouco.

.vínculo da simbiose: Quando uma pessoa vive em função da outra, como se o resto do mundo não existisse. O nós predomina sobre o “eu” de cada um.
“Você é tudo para mim e eu sou tudo para você”.

.Vínculo do Amor Maduro: Trata-se de um vínculo saudável, desprovido de crenças e não existe a espera da mudança de comportamento do parceiro.
Prevalece a descentração, cada parceiro tem a capacidade de colocar-se no lugar do outro e não existe espaço para egoísmo e competição.
Cada um ama a si mesmo o suficiente para doar a seu par, e por esta razão existe espaço para cumplicidade, parceria.
As cobranças e idealizações não existem, vivencia-se a relação a cada instante, plenamente presente, enxergando qualidades e defeitos próprios e do outro e indagando-se: "O que devo aprender com esta atitude?" ou "O que posso alterar em meu comportamento para me transformar em um ser humano e parceiro melhor"?

Bem, casamentos verdadeiros existem sim, e muitos...

Porém, com a mesma qualidade e esperança dos meses ou dias iniciais, raramente encontramos. Uma grande parcela infelizmente vivencia um espetáculo fazendo uso de máscaras e o que é pior: Não assume a urgente necessidade de transformação própria e conjugal!

 Acredito que a vida a dois seria mais feliz e serena, quando ao invés da perda de tempo com desgastes emocionais e punições, todos corajosamente enfrentassem seus fantasmas, fracassos, fragilidades e juntos se perdoassem.

Se for tarde para isto, um auxílio terapêutico de boa qualidade é um excelente caminho a seguir...



Lilian Nakhle
Psicoterapeuta/Escritora