Lilian Nakhle

"Faltam palavras para o que a gente sente...Sobra emoção no que a gente vive. Seja bem vindo ! ! !"

Textos


          “O cérebro apaixonado - parte 1”
 
 
Quando realizava uma pesquisa científica de um caso clínico neuropsicológico sobre alterações de comportamento, tive a idéia de compartilhar com meus leitores aspectos importantes que podem favorecer a compreensão deste mágico sentimento denominado “amor” em relacionamentos amorosos.
Para uma melhor compreensão alguns termos da área clínica seguem definições para introduzir o tema.
 
 
Neuropsicologia é uma ciência cujo objetivo específico é a investigação do papel dos sistemas cerebrais individuais nas formas complexas da atividade mental. (Luria, 1984)
Ciência dedicada a estudar a expressão comportamental das disfunções cerebrais (Lezak, 1983)
Entre as principais contribuições desse ramo do conhecimento estão os resultados de pesquisas científicas para elaborar intervenções em casos de lesão cerebral quando se verifica o comprometimento da cognição e de alguns aspectos do comportamento.
 
Neurotransmissores: são substâncias químicas produzidas pelos neurônios, que possibilitam que os impulsos nervosos de uma célula influenciem os impulsos nervosos de outro, permitindo assim que as células do cérebro "conversem entre si", por assim dizer, enviar informações a outras células (de nervo ou músculo, um impulso nervoso).
Dopamina: é um importante neurotransmissor no cérebro, produzido por um grupo de células nervosas, chamadas de Neurónios Pré-Sinapticos, que atuam no cérebro promovendo, entre outros efeitos, a sensação de prazer e a sensação de motivação.
Ocitocina: hormônio produzido pelo hipotálamo e armazenado na hipófise posterior (Neuroipófise), e tem a função de promover as Contrações musculares uterinas durante o parto e a ejeção do leite durante a amamentação
Ela ajuda as pessoas a ficarem juntas por muito tempo. Também é um hormônio ligado ao que as pessoas sentem ao, por exemplo, abraçar seu parceiro de longa data.

 
“As pessoas cantam por amor, trabalham por amor, matam por amor, vivem por amor e morrem por amor”.
As manchetes de jornais, revistas, sites rotulam muitos comportamentos em nome do “amor”.
"Enquanto crescemos, vamos criando um conceito da pessoa por quem iremos nos apaixonar, baseado nos exemplos que encontramos por aí. E os parceiros que encontramos podem corresponder a essa expectativa ou não", explica Semir Zeki, neurologista da University College London e autor de estudos sobre o cérebro das pessoas apaixonadas.
Vários enfoques são utilizados para definir ou explicar o amor romântico, e neste momento iremos considerar que o amor romântico é um sentimento humano universal, produzido por substâncias químicas específicas e redes do cérebro.
Estudos realizados pela Dra. Cindy Hazan, da Universidade Cornell de Nova Iorque, mostram que existe um limite de tempo para homens e mulheres sentirem os arroubos da paixão. Segundo “ela: “seres humanos são biologicamente programados para se sentirem apaixonados durante 18 a 30 meses”. Hazan entrevistou e testou 5.000 pessoas de 37 culturas diferentes e descobriu que o amor possui um "tempo de vida" longo o suficiente para que o casal se conheça, copule e produza uma criança. "Em termos evolucionários,", ela completa, "não necessitamos de corações palpitantes e suores frios nas mãos”. Foi identificado pela pesquisadora algumas substâncias responsáveis pelo “Amor”: dopamina, feniletilamina e ocitocina, sendo que estes são todos relativamente comuns no corpo humano, mas são encontrados JUNTOS apenas durante as fases iniciais de uma paquera. Com o passar do tempo, o organismo vai se tornando resistente aos seus efeitos, e toda a “loucura” da paixão vai embora gradualmente.
Segundo a Dra. Hazan o que leva um casal a se apaixonar e reproduzir é a intensidade da ilusão romanceada que temos do “Amor”.
Mas a questão é: Até que ponto a paixão é uma reação química?
Muitas substâncias químicas de alguma forma pertencem ao processo das redes cerebrais.
A Fenilatilamina é um dos mais simples neurotransmissores e foi associado ao sentimento “amor” com uma teoria proposta pelos médicos Donald F. Klein e Michael Lebowitz do Instituto Psiquiátrico Estadual de Nova Iorque.
Esta molécula natural é semelhante à Anfetamina e suspeita-se que sua produção no cérebro possa ser desencadeada por eventos tão simples como uma troca de olhares ou um aperto de mãos.
A teoria de Klein e Lebowitz sugere que o cérebro de uma pessoa apaixonada contém grandes quantidades de feniletilamina e que esta substância poderia responder, em grande parte, pelas sensações e modificações fisiológicas que experimentamos quando estamos apaixonados.
Os níveis elevados no cérebro do neurotransmissor dopamina produzem uma atenção muito focalizada, além de forte motivação e comportamentos orientados para os objetivos. Podemos considerar que o amor romântico possui estes aspectos uma vez que os amantes se focalizam intensamente no amado, com freqüência excluindo tudo em torno deles. Ocorre extrema concentração nas qualidades positivas do parceiro (seu UNICO objeto de desejo), o que facilita a desqualificação das características negativas. Nesta fase é comum também o prazer em compartilhar acontecimentos específicos e objetos com seu amado.
O êxtase também está associado com a dopamina e é outra características do amor romântico. Altas concentrações de
dopamina no cérebro produzem alegria, aumento de energia, insônia, perda de apetite, perda de apetite, tremores, sensação do coração aos saltos, respiração acelerada e às vezes mania, ansiedade ou medo.
Assim, o envolvimento da dopamina pode até explicar o motivo que homens e mulheres apaixonados tornam-se tão dependentes de seu relacionamento amoroso e por que eles anseiam por uma união emocional com o amado. Todos os vícios estão associados com níveis elevados de dopamina, e uma vez que dependência e o anseio são sintomas de um vício, o amor romântico pode ser considerado um vício. Existe uma dependência quando o amor de alguém não é retribuído, um anseio (espera ou expectativa) doloroso, triste e com freqüência destrutivo quando o amor é rejeitado.
A dopamina tem o poder de estimular o esforço frenético do amante quando ele/ela sente que o caso de amor está em perigo, Quando uma recompensa é postergada, as células que produzem dopamina no cérebro aumentam sua rede, bombeando mais deste estimulante natural para energizar o cérebro, concentrar a atenção e impulsionar o pretendente a lutar ainda mais para conseguir conquistar a recompensa, no caso, conquistar o parceiro (objeto de desejo).
No que se refere ao hormônio ocitocina, estudos revelam que além de possuir um papel fundamental na fase de lactação e responsável pelo amor genuíno entre mães e filhos, este hormônio é responsável por quase toda ligação social e formação de laços entre mamíferos. E não há dúvidas que isso inclua o amor entre nós, humanos.
A neuroendocrinologista Sue Carter realizou pesquisas com roedores e encontrou comportamentos típicos de casais enamorados (carícias e sexo) provocam a criação de laços muitos semelhantes àqueles entre mães e filhos. Carter afirma: “Tanto o amor quanto as ligações sociais servem para facilitar a reprodução, nos dar senso de segurança e reduzir a ansiedade e o estresse.
Assim, por menos romântico que possa parecer, o “amor” é um artifício da natureza para manter a espécie humana procriando.
 
O desejo por sexo com o amado pode estar indiretamente relacionado com níveis de dopamina, uma vez que com o seu nível elevado na área cerebral, os níveis do hormônio testosterona responsável pelo desejo sexual é estimulado.
Mas este item será abordado brevemente em:
 “O Cérebro Apaixonado - parte 2".
 
 
Lilian Nakhle
Contato: 99645.4466
LilianNakhle
Enviado por LilianNakhle em 05/02/2012
Alterado em 03/08/2014
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras