"O Autoconhecimento amplia e facilita o trajeto amoroso”
Existem sérias dificuldades que quase todos amantes experimentam na busca do “amor perfeito” ou da “relação amorosa estável”, mas raramente encontram-se pessoas que assumem esta busca. Atualmente existe uma “aceitação” ainda que duvidosa de que amores ou relações perfeitas existem apenas, e tão somente nos contos de fadas ou nas crenças que nos foram passadas e aceitas como verdadeiras.
Muitos de nós aprendemos que precisamos amar o outro para que o outro nos ame de volta, esquecendo-se que é impossível doar aquilo que não se tem e, assim, iniciam-se os conflitos ou a angustiante situação de cobrança onde os parceiros ficam na dependência daquilo que o outro vai fazer e quando se recebe menos do que o esperado, a inevitável frustração e sensação de fracasso aparecem rompendo com as mais fantásticas e românticas expectativas e ansiedades que depositamos no relacionamento.
Tratando-se do amor independente, ou seja, daquele onde o parceiro não é transformado numa “pessoa mágica” que veio para preencher todos os seus vazios, e tal falto nos remete a Guimarães Rosa: “Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura”.
Ao aprender que existe felicidade em ficar razoavelmente bem sozinhos, ocorre uma queda na ansiedade porque se realizou o início do aprendizado de nos aproximarmos de nós mesmos e principalmente de curtirmos nossa própria companhia... Reconhecer que existe muita confusão entre amor e paixão é fundamental para compreender de verdade o é que “amor”!
Amar é uma vivência muito mais ampla, é um modo de ser que se conquistam gradualmente quando o parceiro tem a condição de sair de si, for ao encontro do ouro, em uma atitude de respeito sem esperar nada em troca.
Erich Fromm, em “A Arte de Amar”, define claramente que amar é preservar a identidade e a diferença do outro, sem perder a sua. É estar comprometido com a realização do outro, é querer seu bem. Ser amoroso é uma característica da personalidade e pressupõe toda uma vivência desde o seio materno. Só quem recebeu amor é capaz de amar.
A beleza da relação homem-mulher está no encontro de seres autônomos e independentes em que não há superior e inferior. Infelizmente não foi assim que nossa cultura nos mostrou e atualmente é comum em nossa sociedade “procurar no outro o que lhe falta ou o que gostaria de ser”, em lugar de desenvolver ao máximo suas próprias potencialidades. É importante focar a atenção para um aprendizado, para um treinamento de nosso comportamento já que não somos estimulados culturalmente ao amor feliz e ensolarado, ao amor pleno e natural onde o personagem principal é você mesmo.
A competência para amar está diretamente ligada à nossa inteligência e maturidade emocional, onde a confiança no parceiro seja necessária e também indispensável para nos encorajar a enfrentar o medo de ser traído. Trata-se de mais uma virtude indispensável para enfrentar as dores da vida evitando cair perdidamente no escandaloso “papel de vítima”, facilmente de ser utilizado até então. Mudar seu foco de atenção, ou seja, olhar mais para dentro de si do que para o outro, resultará em certas alterações de padrões de comportamentos e fica muito fácil atrair parceiros confiáveis e mentalmente saudáveis, pois ocorre a ruptura da repetição de antigos modelos dolorosos. Ao assumir o controle de sua história de vida, sendo dono de suas atitudes, fica evidente que cada relacionamento é uma oportunidade de crescimento amoroso saudável e positivo sem dores e rancores.
Cabe ressaltar que o processo de crescimento interior exige coragem; não é possível cortar caminhos ou abrir atalhos, mas não podemos esquecer que é imensamente fascinante e incomensurável a alegria e o prazer experimentado ao perceber que, quando estamos prontos, o parceiro adequado, possível e confiável, parece cair das nuvens bem à nossa frente.
A partir do momento que você consegue ficar sozinho para desenvolver mais e melhor sua individualidade, a probabilidade de sucesso em qualquer relação amorosa é cada vez maior uma vez que fica bem mais fácil superar a tendência de misturar o sentimento “amor” com dependência amorosa...
Lilian Nakhle
Escritora/Psicoterapeuta/ Neuropedagoga
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